Pallade Veneta - COP28 propõe 'redução' das energias fósseis em rascunho

COP28 propõe 'redução' das energias fósseis em rascunho


COP28 propõe 'redução' das energias fósseis em rascunho
COP28 propõe 'redução' das energias fósseis em rascunho / foto: - - AFP

A conferência climática de Dubai (COP28) propôs, nesta segunda-feira (11), a "redução do consumo e produção de combustíveis fósseis" para manter vivo o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a +1,5 ºC, segundo um rascunho.

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O texto, elaborado pela presidência da COP28 após dias de negociações complicadas, fica aquém da exigência de "eliminar" progressivamente ("phase out") essas energias, responsáveis pelo aquecimento global.

O rascunho de 21 páginas ainda deve ser submetido a uma sessão plenária de negociadores de quase 200 países. As decisões nas conferências climáticas da ONU são tomadas por consenso.

As nações que assinaram o Acordo de Paris "reconhecem a necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentáveis das emissões" de gases de efeito estufa e, consequentemente, pedem "ações que possam incluir" toda uma bateria de medidas, segundo o texto.

Ou seja, o rascunho não pede explicitamente às partes que apliquem todas as medidas, sem exceção.

Também propõe como opção "eliminar" ("phase out") os subsídios "ineficientes" aos combustíveis fósseis, e fazê-lo "o mais rápido possível".

O texto renova o apelo a favor das energias renováveis, inclui a energia nuclear como opção "limpa" e também as polêmicas tecnologias de retenção e captura de CO2, ainda em desenvolvimento.

O texto é "um retrocesso", criticou a principal aliança de organizações ambientalistas, a Climate Action Network.

"As nossas vozes não foram ouvidas", explicaram os pequenos Estados insulares, os mais ameaçados pelo aumento das águas.

- "Corrida contra o tempo" -

A COP28 deve terminar oficialmente na terça-feira, mas as conferências climáticas da ONU crescem em número de participantes e em complexidade a cada ano.

"Estamos em uma corrida contra o tempo" para encontrar um consenso, destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres, presente em Dubai para encorajar os diplomatas, depois de mais de dez dias de longas reuniões.

Guterres defendeu uma menção específica à eliminação das energias fósseis.

Mas "isso não significa que todos os países devam abandonar as energias fósseis ao mesmo tempo", admitiu o chefe da ONU perante os jornalistas.

A COP de Dubai é a primeira a fazer um balanço da ação climática desde o Acordo de Paris, que impôs o objetivo de tentar manter a temperatura média global em +1,5 ºC em comparação com a era pré-industrial.

A intenção agora é definir novas metas mais ambiciosas, acelerar a transição energética e as medidas de adaptação.

O texto pede que os países apresentem novos planos para reduzir as emissões de gases até o final de 2024.

As negociações foram presididas pelo emiradense Sultan Al Jaber, presidente da companhia petrolífera nacional do seu país, o que levanta suspeitas há meses. Jaber afirmou diversas vezes que lutava por um "acordo histórico".

Arábia Saudita e Iraque, duas grandes potências petrolíferas, expressaram publicamente sua oposição à palavra "eliminação" dos combustíveis fósseis na última grande reunião plenária, no domingo.

Os dois países consideram que nada indica que o petróleo, o gás e o carvão devem ser completamente abandonados para garantir o cumprimento do objetivo de +1,5ºC.

Os cientistas insistem que as emissões de gases do efeito estufa não estão diminuindo e, portanto, é necessário adotar medidas drásticas, o mais rápido possível.

O objetivo compartilhado por representantes das quase 200 nações reunidos em Dubai é alcançar a neutralidade de carbono, ou seja, que as emissões e capturas somem zero, até 2050.

D.Bruno--PV