Pallade Veneta - Maduro usa 'terror' para 'anular dissidência', denuncia relatório

Maduro usa 'terror' para 'anular dissidência', denuncia relatório


Maduro usa 'terror' para 'anular dissidência', denuncia relatório
Maduro usa 'terror' para 'anular dissidência', denuncia relatório / foto: Handout - Presidência da Venezuela/AFP

As prisões arbitrárias, os desaparecimentos forçados e a tortura são "sistemáticos" na Venezuela, onde "o terror" é usado para "anular a dissidência", afirmou, nesta quinta-feira (15), o Instituto Casla, alertando sobre "532 presos com identidades desconhecidas".

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Desde a polêmica reeleição do presidente esquerdista Nicolás Maduro, em julho, a oposição venezuelana denuncia fraude e reivindica a vitória de seu candidato, o exilado Edmundo González Urrutia.

A proclamação de Maduro desencadeou protestos que deixaram 28 mortos e cerca de 2.400 detidos, dos quais mais de 2.000 foram libertados. Contudo, ativistas continuam denunciando que a prisão de opositores ainda está ocorrendo.

A ONG Foro Penal contabilizou 906 presos políticos na Venezuela.

O Instituto Casla, um centro de estudos sobre a América Latina com sede em Praga, na República Tcheca, denuncia "crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Nicolás Maduro" com "violações sistemáticas e geradas contra a população civil", sobretudo contra opositores.

"As prisões arbitrárias, os desaparecimentos forçados e a tortura não são acontecimentos isolados, mas práticas sistemáticas que configuram uma estratégia clara de controle social", segundo um relatório que compreende o período entre março de 2024 e abril de 2025.

Casla denuncia um "Estado terrorista, onde o terror é utilizado como política pública para anular a dissidência, silenciar opositores e manter o poder através da subjugação".

"Obtivemos informações confidenciais sobre a existência de mais de 532 detidos cujas identidades são desconhecidas" na sede da Direção-Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), disse a diretora do Casla, Tamara Sujú, na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O relatório acusa o governo de Maduro, que é investigado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes contra a humanidade, de induzir os detentos a cometer suicídio.

"São muitos os testemunhos que nos chegam sobre pessoas detidas no contexto das manifestações que tentaram tirar a própria vida em Tocorón e Tocuyito", duas prisões de segurança máxima reabertas por ordem de Maduro em agosto de 2024.

Nestes centros, "muitos foram vítimas de torturas físicas e psicológicas", como espancamentos, choques elétricos, enforcamentos, queimaduras, fome...

"As vítimas recebiam pouca alimentação, muitas vezes em mau estado, com vermes, mau cheiro e apenas dois ou três copos de água", denunciou o instituto, segundo o qual algumas pessoas "comiam sabão para acalmar a fome e a ansiedade".

Muitos dos carcereiros são jovens entre 18 e 25 anos, e alguns foram presos por se recusarem a torturar, diz Casla.

"Eles os colocam lá para aprender a torturar, (...) é um horror", declarou Sujú à AFP.

O relatório apresenta "evidências dos tormentos aos quais os venezuelanos são submetidos diariamente para sustentar a ditadura de Nicolás Maduro", disse Luis Almagro, secretário-geral da OEA em fim de mandato, durante a apresentação.

E.Magrini--PV