Pallade Veneta - EUA redefine sua estratégia de segurança mundial com foco nas Américas

EUA redefine sua estratégia de segurança mundial com foco nas Américas


EUA redefine sua estratégia de segurança mundial com foco nas Américas
EUA redefine sua estratégia de segurança mundial com foco nas Américas / foto: Andrew Caballero-Reynolds - AFP

O governo de Donald Trump publicou, nesta sexta-feira (5), um documento que redefine sua estratégia de Segurança Interna, no qual antecipa o "desaparecimento da civilização" europeia e defende o combate às "migrações em massa" e a restauração do "predomínio dos Estados Unidos na América Latina".

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O documento, denominado "Estratégia de Segurança Interna", expõe com firmeza o objetivo de reforçar a influência dos Estados Unidos na América Latina, onde a administração Trump ataca lanchas associadas ao narcotráfico no Caribe e no Pacífico, busca uma troca de governo na Venezuela de Nicolás Maduro e toma o controle de recursos-chave como o Canal do Panamá.

Concebido para desenvolver a visão "America First" (Estados Unidos em primeiro lugar, em tradução livre) de Trump, a nova estratégia americana marca uma reorientação de sua política dos últimos anos centrada na Ásia, embora continue identificando a China como seu principal competidor.

- "Corolário Trump" da Doutrina Monroe -

O documento afirma que os EUA aplicarão um "Corolário Trump" à Doutrina Monroe, da década de 1820, quando Washington consolidou sua hegemonia frente aos europeus na América Latina, que considerava o "quintal" dos Estados Unidos.

O governo americano reajustará sua "presença militar global para enfrentar ameaças urgentes em nosso Hemisfério, e se afastar de cenários cuja importância relativa para a segurança interna dos Estados Unidos diminuiu nas últimas décadas ou anos", afirma o texto.

Washington também deseja, sob a presidência de Trump, pôr fim às migrações em massa no mundo e fazer do controle das fronteiras "o elemento principal da segurança" dos Estados Unidos, segundo o documento.

"A era das migrações em massa deve chegar ao fim. A segurança das fronteiras é o elemento principal da segurança interna", indica a nova estratégia.

"Devemos proteger nosso país contra as invasões, não apenas contra migrações descontroladas, mas também contra ameaças transfronteiriças como terrorismo, drogas, espionagem e tráfico de pessoas", acrescenta.

- Europa "irreconhecível" em 20 anos -

No texto, Washington também critica duramente seus aliados europeus e sinaliza que os Estados Unidos apoiarão aqueles que se opuserem aos valores promovidos pela União Europeia, sobretudo sobre a questão migratória.

O governo afirma que cultivará uma "resistência à trajetória atual da Europa" dentro das próprias nações europeias. A Alemanha respondeu rapidamente, dizendo que não precisa de "conselhos externos".

O documento destaca a diminuição da participação da Europa na economia global - que é em grande parte resultado do crescimento da China e de outras potências emergentes -, pontuando que "este declínio econômico é eclipsado pela perspectiva real e marcada do desaparecimento da civilização".

"Se as tendências atuais continuarem, o continente será irreconhecível em 20 anos ou menos", adicionou.

Em um momento em que Trump busca pôr fim à guerra na Ucrânia com um plano que seria favorável à Rússia, seu governo acusa os europeus de fraqueza no documento e afirma que os Estados Unidos deveriam se concentrar em "acabar com a percepção, e prevenir a realidade, da Otan como uma aliança em expansão perpétua".

- China e Oriente Médio -

A estratégia sobre a China reitera, por sua vez, os apelos por uma região Ásia-Pacífico "livre e aberta", mas com um enfoque maior na competição econômica representada pelo gigante asiático.

Após especulações sobre se Trump cederia no tema Taiwan, ilha de regime democrático que Pequim reivindica como sua, a estratégia deixa claro que os EUA apoiam o status quo, mas instou os aliados Japão e Coreia do Sul a contribuírem mais para garantir a defesa desta região.

A estratégia dedica relativamente pouco espaço ao Oriente Médio, que por muito tempo monopolizou as atenções de Washington.

Ao apontar o aumento da produção de energia em solo americano, o documento afirma que "a razão histórica para os Estados Unidos se concentrarem no Oriente Médio diminuirá", uma vez que esta região já não é "a fonte potencial de catástrofes iminentes que costumava ser".

"Em vez disso está emergindo como um lugar de associação, amizade e investimento", segundo o documento, que, entretanto, declara que a segurança de Israel continua sendo uma prioridade para Washington.

D.Bruno--PV